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Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2006

Não compliquem

António Marques

Leitor do DN

 

É fácil reabilitar a Baixa Chiado, por favor não compliquem. 

Digo que é fácil, porque conhecendo um pouco o movimento imobiliário desta zona posso assegurar que com apenas uma definição de critérios de arrumação dos espaços seria possível atrair para esta zona investimento privado com capacidade para dar vida a esta área.

Os políticos têm mais interesse em complicar para poderem justificar os lugares que ocupam, mas uma vez na vida fazer o que é obvio e simples justifica-se. 

Na Baixa e Chiado há muitos edifícios para reabilitar e que esperam por um lado o crescimento dos preço ou por outro lado a aprovação de projectos. Tendo em conta que reabilitar não implica grandes alterações ao já existente a aprovação destes projectos deveria merecer por parte da CML uma apreciação rápida e baseada em critérios simples e de bom senso.

Mas quem se mete a fazer uma reabilitação nesta zona passa a ser um mártir isto talvez por estar na freguesia dos mártires.

Muitas vezes o critério do arqt da CML impões janelas de madeira independentemente de ao lado um edifício oficial ter janelas de alumínio ( veja-se caso na Rua de S.José), isto não pode ser senão um caso de pouco senso para não dizer outra coisa.

Por outro lado sabe se que em cidades como Barcelona onde o centro histórico foi recuperado deixou-se que os edifícios onde existiam andares de 300m2 fossem divididos em 3, em Lisboa isto é um sacrilégio, mas comercialmente é um disparate não seguir o exemplo de Barcelona tendo em conta que os possíveis habitantes da Baixa Chiado são gente jovem que prefre andares destas dimensões. E se aceitarem as sugestões dos privados facilmente se recupera o património habitacional e por consequência o comercio passa a ter mais actividade.

Existem dezenas de investidores nacionais e internacionais á espera desta oportunidade, não se entende qual a motivação dos políticos para não darem luz verde a este caminho simples e que não necessita de investimentos públicos.

Publiquem leis claras para a remodelação desta zona e fiscalizem quem não cumpra.

O que temos agora é uma lei cheia de oportunidades para favores e própria para afastar investidores que querem saber que o seu dinheiro vai ser aplicado e o retorno será com toda a certeza num prazo de um dois anos.

Por favor deixem trabalhar os privados.

Os políticos devem contribuir para que este caminho seja feito o mais depressa possível.

publicado por O provedor às 16:30
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Um exemplo prático

Cecília Conceição

Arquitecta

Antecedendo toda a polémica e porque amo a Baixa "antes de ser moda", há quatro anos, decidi com um filho que tem a mesma profissão que eu (somos arquitectos), tomar a iniciativa de comprar um apartamento em ruínas, num edifício da Rua da Prata, junto à Igreja de São Nicolau e proceder à sua remodelação integral. O sonho era, um a um (porque não possuímos bens próprios que nos permitisse actuar de outro modo), comprar, remodelar com muita qualidade e vender, com uma pequena margem de lucro, que possibilitasse a recuperação gradual do investimento inicial e, alguma compensação pelo trabalho produzido. O sonho era, também, que a iniciativa não só tivesse pernas para andar mas, também, que de algum modo servisse de exemplo e motivação para que outras entidades tomassem a mesma atitude e que pouco a pouco ( o sonho era que fosse depressa) pudessemos ver a Baixa habitada, sobretudo por jovens, para que se prolongasse no tempo, o uso do espaço.

A ideia foi concretizada com sucesso e, num curto prazo, passámos a possuir um apartamento, considerado por todos que já o viram (talvez mais  de cem pessoas…) como uma intervenção magnífica, aplaudida pela qualidade da recuperação, dos materiais, da organização do espaço, etc...

Os representantes das imobiliárias garantiam-nos que, em menos de uma semana o apartamento seria vendido. As novas imobiliárias que nos procuram com o objectivo da venda, ainda o continuam a afirmar. Só que, passou todo este tempo e uma magnífica casa, continua por estrear e o nosso sonho acabou.

Da análise desta situação parece-nos poder concluir:

1. São os jovens que mais se interessam pela apartamento. O preço que pedimos pelo mesmo (neste momento 225000€) e que já é inferior ao do total do encargo, constitui um obstáculo, porque de facto, quase todos os interessados, necessitam de crédito global para a aquisição;

2. A falta de elevador no edifício, pouco compatível com os hábitos actuais de comodidade e de consumo;

3. A falta de estacionamento. Não existe a garantia de lugares reservados para moradores nas ruas adjacentes e, embora exista próximo o parque da Praça da Figueira, este não foi incluido nos acordos estabelecidos com a C.M.Lisboa, para redução do custo de utilização pelos moradores da zona;

4. A degradação dos edifícios das traseiras.Quando se abrem as janelas que dão para o saguão, as fachadas posteriores dos edifícios em frente (a cerca de 3m de distância) ameaçam ruína, abandono e promiscuidade (ONDE É QUE OUVIMOS FALAR DE OBRAS COERCIVAS?) ;

5. O estado do saguão, ao qual só se tem acesso por uma loja localizada na Rua da Vitória e onde se acumulam todo o tipo de dejectos, lixo e maus cheiros!... (QUE FAZER, QUEM TEM A RESPONSABILIDADE PELA MANUTENÇÃO E SALUBRIDADE DESTES ESPAÇOS QUE CONSTITUEM OS INTERIORES DOS QUATEIRÕES?... )

6. A falta de habitantes à noite. E aqui temos a história da pescadinha… A baixa não está habitada e não se compra ali uma habitação, por esse motivo.

Concluindo: Agora que a BAIXA é o assunto do dia, espero que o relato desta experiência e da análise dos motivos para a falta de sucesso da mesma, possa de algum modo servir para reflexão de como intervir, de como resolver e de como motivar, para que o uso permanente desta área de eleição da nossa cidade, não seja só um sonho.

publicado por O provedor às 16:23
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Quinta-feira, 23 de Novembro de 2006

Reabilitar a Baixa Pombalina e recuperar o Palácio Alverca

João Proença

Presidente da Casa do Alentejo

 

Em primeiro lugar, esta questão não é nova. Há décadas que ouvimos falar da realidade: a Baixa de Lisboa perde habitantes. Os bancos e as companhias de seguros foram adquirindo edifícios, foram ocupando território e empurrando os seus habitantes para fora deste espaço. Infelizmente, o património edificado está cada vez mais degradado. A população residente é cada vez mais idosa. Sabe-se que vivem na Baixa idosos que mal saem de casa. Vivem, segundo sei, nos pisos superiores e, portanto, com maiores dificuldades de acesso.
Nos pisos rasteiros, na melhor das hipóteses, há comércio. Mas este tem poucos clientes, cada vez menos. Daí que se fale de dificuldades crescentes e de falências à vista. Portanto, uma situação social e económica complicada.
Como já foi referido, o património está cada vez mais velho e degradado. Muito, mas mesmo muito desse património, é propriedade do Estado. Isso, ao contrário do que deveria acontecer, não é um elemento que venha facilitar a reabilitação do edificado. Pelo contrário, o que todos temos visto é que os edifícios que são propriedade do Estado encontram-se tanto ou mais degradados do que os de propriedade privada.
Reabilitar e reanimar a Baixa é fundamental! É preciso actuar rapidamente. É imperioso travar a degradação e trazer para esta área um maior número de habitantes. É um desafio de primeiro plano. Um grande desafio.
Há muitas frentes de combate que têm de ser abertas e que exigem, em meu entender, três abordagens: em primeiro lugar, mobilizar muitas vontades; em segundo, coordenar muito bem essas vontades e em terceiro reunir uma verba considerável.
Os projectos, os planos e as ideias têm-se multiplicado. Ao longo de décadas, cada geração tem tido a sua perspectiva e dado a sua opinião. Cada época tem reflectido as questões que considera mais importantes. Prova disso são os termos utilizados na imprensa: “Reabilitar Lisboa”; “Revitalizar a Baixa”; “Reanimar o Comércio”; “Recuperar Habitantes”.
Várias personalidades se têm manifestado relativamente aos objectivos de um plano que a Câmara de Lisboa aprovou. Do que se conhece desse plano, julgo que já é legítimo dar duas ou três opiniões centrais. Por um lado, o plano alastra para lá da Baixa e isso pode dificultar os consensos nesta fase do processo; por outro, o planeamento financeiro, como nos é apresentado, é muito frágil e pouco explícito - ficamos sem saber de onde vem a verba, se está assegurada ou se se trata apenas de um simples estudo aproximativo, feito sem rigor. Finalmente pergunta-se: para quem se vai reabilitar a Baixa? Para as camadas de elite? Isso é muito perigoso. Estaríamos, então, a criar um gueto.
Terminando a minha análise, refiro, naturalmente, a situação em que se encontra a Casa do Alentejo. O Palácio Alverca, a nossa sede, está na Baixa e trata-se de uma peça única de património a preservar. Esperamos e confiamos que a sua reabilitação se concretize e que se torne uma realidade rapidamente. É urgente que tenhamos algum apoio. Preservar e reabilitar um palácio seiscentista que encerra um património histórico e cultural de grande dimensão é fundamental para a cidade e, especificamente, para a Baixa Pombalina.

publicado por O provedor às 13:00
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Quarta-feira, 22 de Novembro de 2006

Tarefa para dezenas de anos

Maria Antunes

Leitora DN

Penso que voltar a haver um número significativo de residentes em Lisboa é coisa para várias dezenas de anos, até porque os jovens que vivem fora, nomeadamente na Linha, nem se lhes pode falar em ir a Lisboa, quanto mais em viver lá!

Vim viver para Oeiras há 16 anos, sem que nada a isso me obrigasse a não ser estar farta da confusão que agora até é muito maior.

Quanto às desavenças na CML, certamente que o principal mobil é DINHEIRO: a recuperação da zona em questão fatalmente é muito cobiçada!

publicado por O provedor às 16:48
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Terça-feira, 21 de Novembro de 2006

O que a Baixa pode (deve) e não pode (deve) ser

Paulo Ferrero

Dirigente do Fórum Cidadania de Lisboa

 

Numa altura em que a responsabilidade máxima pela Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado acaba de mudar de mãos, e, por isso, serão esperadas inevitáveis repercussões a nível do articulado do mesmo, ainda que não nos seus objectivos, é importante sintetizar o que a Baixa pode (deve) e não pode (deve) ser.
Em primeiro lugar, a questão da designação: Baixa é uma coisa, Chiado é outra. Alfama, outra, Cais do Sodré, Boavista e São Paulo, outra completamente diferente. Em segundo lugar, um plano de revitalização da Baixa não pode esquecer o essencial: as obrigações diárias da CML enquanto gestora da nossa cidade. Ou seja, a CML deve trabalhar para o que foi eleita, isto é, fazer coisas simples, como, por exemplo, fazer cumprir a lei!
E fazendo cumprir a lei (ex. intimar quem não conserve os seus prédios conforme a lei obriga; fazer cumprir o Código da Estrada; a lei das cargas e descargas; fazer retirar os anexos, as antenas, etc. dos edifícios; pugnar pelos transportes públicos não poluentes; arborizar e repavimentar as ruas; pugnar pela calçada portuguesa e pela abertura de mais esplanadas – e discipliná-las, para não se assistir a coisas como a esplanada do Teatro Dona Maria II – ; reforçar a segurança e a limpeza), a CML propiciará a todos uma melhor qualidade de vida, sem precisar de recorrer a planos mirabolantes. Mas o que a CML não pode apresentar é um plano que custará 1105 milhões de euros, e depois, se conclui que mais de 62% desse valor não virão do orçamento camarário, nem sequer público. A quem o irão buscar? Como? Com que contrapartidas?
Por outro lado, esse plano não pode defender coisas como a Circular das Colinas. Ideia velha, de alguns, para resolver problemas de muito poucos… Há um outro aspecto que convém realçar, e que o anterior presidente da CML já mencionou: é preciso evitar qualquer colisão com a candidatura da Baixa à UNESCO, cujo júri não estará pelos ajustes com ideias más e piores práticas.
Em relação a ideias (coisa que nunca falta, e que não faltará, haja dinheiro e vontade para as fazer), têm aparecido demasiadas ideias velhas e, pior, más, idiotas, perversas, redundantes, falsamente proféticas. De entre elas, para além da já mencionada circular, a do esventramento do Terreiro do Paço e do Campo das Cebolas para construção de estacionamento subterrâneo. O perigo é evidente e o precedente está às vistas de todos.
À margem das ideias do plano, está uma da APL, e que refere a construção (iminente) das sedes da AESM e do OEDT em plena frente ribeirinha, no Cais do Sodré. A CML tem que se pronunciar. Em causa o sistema de vistas, o acesso à frente ribeirinha e o impacto de mais de 500 funcionários na zona. E há que estar de pé atrás quanto à ideia de copiar o modelo da Expo’98. Parafraseando alguém cuja opinião estimo, “sempre que ouço falar em modelo de gestão da Expo fico arrepiado”.

publicado por O provedor às 13:33
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Segunda-feira, 20 de Novembro de 2006

Baixa pombalina: o devido rigor

Eduarda Napoleão

Ex-vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, pelouro do urbanismo

 

 

Depois de ter lido a proposta de revitalização da Baixa – Chiado recentemente apresentada, e por ter tido responsabilidades directas nesta matéria, enquanto Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa com os pelouros da Reabilitação Urbana e Licenciamento Urbanístico e também como Presidente do Conselho de Administração da empresa municipal Baixa - Pombalina SRU, não posso deixar de comentar alguns aspectos e de lamentar a forma como este documento foi apresentado publicamente, desde logo pela falta de um debate público alargado e participativo, que se impunha.

 

1. Um dos princípios básicos a ter em conta, no âmbito da conservação e salvaguarda do Património Cultural é que é necessário conhecer para saber preservar, e foi com base neste princípio que em 2002 se criou a Unidade de Projecto da Baixa-Chiado e, posteriormente, a Baixa Pombalina, SRU.

 

Foi iniciado, logo nessa altura, um trabalho sistemático, que envolveu uma recolha dos estudos já existentes na CML e um levantamento do estado de conservação dos edifícios, tendo por suporte um sistema de informação geográfica, trabalho esse que foi depois continuado pela SRU com vistorias pluridisciplinares aos 1220 prédios,  (área de intervenção da SRU que inclui a área candidata a Património Mundial). Estas vistorias permitiram conhecer por edifício e por fogo: as características físicas/estado de conservação, as características arquitectónicas e valores patrimoniais a preservar, a propriedade, a utilização/ocupação e o tipo de intervenção necessário Toda esta informação está geo-referenciada.

 

Além dessa tarefa de inventariação, e de modo a complementá-la, foram encomendados outros estudos, como sejam os relacionados com a medição dos níveis freáticos, que ainda não existiam, e os que se referiam às actividades económicas e equipamentos, que já estavam desactualizados.

 

No âmbito da revisão do PDM de Lisboa também se encomendaram diversos estudos que foram publicados numa colecção da CML iniciada em 2003 sobre Estudos Urbanos. Destes realço o “Desenvolvimento Económico e Competitividade Urbana de Lisboa”, coordenado pelo Profº Augusto Mateus; e “A mobilidade da cidade de Lisboa”, coordenado pelo Profº José Manuel Viegas

 

Neste conjunto de publicações, destacam-se, por se relacionarem directamente com a temática da reabilitação urbana, os seguintes: Baixa Pombalina, Bases para uma Intervenção de Salvaguarda e Obras de Conservação e Restauro, Condições Técnicas Especiais, este da autoria do Prof Christian Campanella, adaptado à realidade portuguesa por especialistas das varias matérias como o Engº João Appleton o Profº Aires de Barros, e nos aspectos da normativa de construção e reabilitação, o Engº Pompeu dos Santos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

 

Em simultâneo, no âmbito da reabilitação dos bairros históricos de Lisboa e tendo por base as vistorias realizadas fogo a fogo, edifício a edifício e em ruas inteiras, foram lançadas empreitadas tendo por objecto não o edifício, mas a rua ou o quarteirão, tendo sido deste modo que foi reabilitada, entre outras, a Rua da Madalena.

 

Em Outubro de 2003 iniciaram-se os trabalhos de candidatura da Baixa Pombalina a património mundial tendo-se organizado as Jornadas “ A Baixa Pombalina e a sua importância para o Património Mundial” das quais foram publicadas as respectivas comunicações.  

     

Por tudo isto não posso deixar de lamentar profundamente a forma como tem vindo a ser publicamente veiculada a ideia de que só agora se iniciou o trabalho para a “revitalização da Baixa”, silenciando qualquer alusão ao trabalho sério e empenhado, desenvolvido desde 2003 pela UPBC e pela SRU, trabalho esse prévio e essencial, quer ao êxito da intervenção que se venha a ter na Baixa Pombalina, quer ao próprio processo de elaboração do Plano.

 

Do mesmo modo considero lamentável que se tivesse utilizado todo o trabalho desenvolvido pela SRU que se tivesse utilizado a sua  Direcção Técnica para realizar o trabalho necessário ao Comissariado, e simultaneamente, se mandasse parar a actividade da mesma, durante nove meses, para não comprometer o referido “Estudo”, quem sabe se para depois se poder passar a ideia de que a SRU nada fez.   

 

2. Independentemente das propostas concretas do Plano de revitalização da Baixa-Chiado, sobre os quais não me vou pronunciar, existem matérias que, pela sua especial relevância, merecem uma chamada de atenção. Refiro-me, por exemplo, à proposta de suspensão do artº 40º do Plano Director de Lisboa. Este artigo só permite obras de beneficiação, restauro e conservação dos edifícios, até que a CML elabore um Plano de Pormenor ou um Regulamento, pelo que não deve do meu ponto de vista ser suspenso enquanto estes instrumentos não existirem.

 

Permitir o licenciamento de obras novas e loteamentos na Baixa Pombalina, como se enuncia no Plano de Revitalização apresentado, por via da suspensão do artº 40º, criando medidas preventivas que previnem menos do que a norma suspensa, apenas com a sujeição ao IPPAR, que aliás já era a regra, determina um risco considerável para a preservação da imagem histórica e arquitectónica, essencial quando se pretende elevar a Baixa a Património Mundial.

 

Estamos a falar de um conjunto urbano de excepção, um bem cultural único, pelo que, qualquer plano que vise a sua salvaguarda, terá que saber compatibilizar a sua conservação com as exigências relacionadas com o seu uso. Não pretendo com isto defender que a Baixa tem que ser mumificada, e tomo, como exemplo a seguir, a intervenção feita na Rua da Madalena, mas tem que ter regras claras e objectivas, que funcionem como uma garantia efectiva da preservação da identidade do espaço e não apreciações casuísticas fundamentadas em “oportunidades que surjam” tendo por única baliza o parecer prévio do IPPAR, pese embora o respeito que essa instituição me merece.  

 

Reforço esta ideia lembrando o que se passou com o parque de estacionamento no Largo Barão de Quintela ou o agora proposto estacionamento subterrâneo no Terreiro do Paço em plena zona húmida do PDM, para já não falar na localização do interface da mesma Praça, ou na possibilidade de revestir a azulejos a Praça da Figueira.

 

Relativamente aos princípios para a reabilitação do edificado, o Plano admite "a demolição de edifícios sem valor patrimonial (do século XIX ou posteriores) e a sua substituição por edifícios de arquitectura contemporânea”, desde que siga os princípios e regras do desenho do plano/projecto da Baixa. Ora, se “não faz sentido manter fachadas que não são originais nem obrigar a um plano neo-pombalino”, não deixa de ser imperioso que se apresentem claramente os critérios a utilizar nestas intervenções, o que não é feito.

 

3. Surpreendeu-me também que a proposta não refira a classificação como Monumento Nacional da área proposta no dossier de Candidatura da Baixa Pombalina a Património da Humanidade, subscrita pela Profª Raquel Henriques da Silva e pela Artª Helena Ribeiro dos Santos na sequência do trabalho realizado pelo Conselho Cientifico da referida candidatura.

 

Aliás, a Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado é omissa no que diz respeito a esta candidatura. Esta omissão é grave, tanto mais que o dossier de candidatura foi aprovado em 6 de Julho do ano passado, por unanimidade, em reunião de câmara e já se encontra pré-avaliado favoravelmente na sua quase totalidade pelo Comité Mundial do Património. A sua classificação como Monumento Nacional faz todo o sentido porque não podemos propor a mais alta classificação em termos internacionais e, no próprio país, não lhe reconhecer esse mérito.

 

Quanto ao Modelo Institucional proposto, depois de tudo o que foi dito sobre a SRU esta mantém-se mas é-lhe retirado o capital. Assumo, portanto, que se pretende fazer da mesma um gabinete de licenciamento de obras particulares, com um conselho de administração e dependendo da SGU.

 

Saliento que as SRU são empresas criadas com base no Decreto - Lei nº 104/2004,  que já prevê competências excepcionais para a reabilitação urbana e que bastava que o Governo entrasse no capital social da empresa para esta poder funcionar como uma sociedade anónima e assim recorrer a todas as fontes de financiamento que se prevêem neste Plano sem terem que ser criadas mais três empresas, opção, aliás, claramente contrária ao principio da racionalização de meios e à contenção com despesas de estrutura e funcionamento porque sempre se pugnou.

 

Qualquer intervenção pública ou privada no sentido de recuperar e revitalizar a Baixa é de aplaudir, pelo que, pese embora estas e outras críticas que lhe aponto, não posso deixar de reconhecer alguns méritos à solução proposta, sobretudo pela consideração que me merecem os especialistas envolvidos, entre os quais se contam alguns dos que já haviam colaborado com a CML quando verdadeiramente se iniciou este processo e que desejo que contribua para devolver à Cidade um pouco daquilo que chegou a ser a Baixa Pombalina.

publicado por O provedor às 22:21
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Sexta-feira, 17 de Novembro de 2006

Baixa-Chiado, um nada que parece tudo

Carlos Moura

Ecologista (Quercus)

 

A proposta do Comissariado Baixa-Chiado é um excelente exercício de desenvolvimento de orientações sob o auspício da revitalização deste espaço. É, no seu campo, um brilhante desenvolvimento de cenários construídos sobre pressupostos que, não sendo completamente inverosímeis, são em grande medida fruto de uma análise desavisadamente optimista.
É claro que, numa análise superficial, não podemos deixar de nos deixar seduzir pelo anúncio do regresso de habitantes a esta zona da cidade, assim co-mo não podemos deixar de aderir a questões como a diminuição do tráfego automóvel, e da melhoria da acessibilidade às colinas do Castelo e do Bairro Alto ou à iminente pedonalização da zona ribeirinha. Porém, os projectos não se fazem de propagandear boas intenções.
As habitações assistidas são princípios interessantes, mas quais dos actuais moradores resistirão numa Baixa cujo custo de vida terá aumentado em 100% ou até mais. E não resistindo estes? Como resistirá o comércio tradicional? Não o revitalizarão seguramente os jovens e “velhos” de elevado nível económico ou “iniciativa” (seja lá o que isso for), que o não procuram.
Da mesma forma a dependência que se estabelece entre a “domesticação” do tráfego e a construção da Circular das Colinas não é resolver a situação, mas apenas retirar o problema de um local para o recolocar em outro diferente. A pressão atirada para o eixo Prazeres, Campo de Ourique, Estrela, Rato, Conde de Redondo, Estefânia, Vale de Santo António e Beato será absolutamente insuportável quer do ponto de vista de mobilidade, quer do ponto de vista da poluição atmosférica e sonora. Além disso está ainda por explicar como se constrói um túnel por debaixo de um jardim histórico da cidade, como o Jardim da Estrela, sem o destruir irreversivelmente.
Também os previstos espaços pedonais do Cais do Sodré até Santa Apolónia antes mesmo de o ser sofreram já atentados gravíssimos do ponto de vista ambiental. Para dar lugar às incensadas agências europeias (em minúsculas), aliás já integradas no projecto, sacrificou-se o que de verde restava neste percurso. Salvou-se a glicínia agarrada à hora legal, vá-se lá saber porquê.
Aliás as previstas acções de revitalização (com modernidade e inovação, como se usa dizer hoje em dia) deveriam antes de tudo assentar numa reabilitação e renovação do sistema de drenagem da Baixa, acções essas que teriam de andar aliadas com a reinfra-estruturação de toda esta zona. Não que este pressuposto não apareça no projecto, só que na base de toda a superstrutura não basta que apareça o pressuposto, pede--se clareza do investimento alocado a este fim, principalmente porque terá de ser maioritariamente público. No limite, este projecto, que pode ser muita coisa ou quase nada, vai depender grandemente não das linhas de orientação que apresenta, mas de todo o trabalho sectorial que está ainda por fazer. Há uma coisa contudo que fica clara, se permanecer como está não será a resposta global e integradora de que a cidade necessita.

publicado por O provedor às 16:03
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A autenticidade da memóra

Catarina Antunes

arquitecta

pós-graduada em reabilitação de edifícios e núcleos urbanos

Especialista em reabilitação e recuperação do património, metodologia de diagnóstico e estratégias de intervenção, gestão e monotorização em ambiente urbano

Formação em Reabilitação e Recuperação do Património Arquitectónico Integrado no Sistema de Formação Contínua do "American Institute of Architects"

 

Numa época em que as constantes transformações da sociedade ameaçam o desaparecimento das referências que garantem a entidade cultural de uma Civilização, suscitam-se perplexidades e dúvidas quanto à forma de actuar sobre a nossa herança cultural. Se analisarmos a essência da nossa existência é, sem dúvida, a memória que prolonga irreversivelmente o passado no presente. Penso que é legítimo acreditar que o que fazemos depende do que somos, e, até certo ponto, o que fazemos é o que somos. Se compararmos este conceito com o Património construído e, neste caso com a Baixa Pombalina, da cidade e da sua arquitectura, por força da sua própria essência matérica e funcional, a sua existência reflecte o espírito da criação do autor, a partir do momento em que inicía o seu percurso no Tempo.
O acto de intervir em defesa desse Património, implica um somatório de inúmeros esforços para responder às exigências que o mundo moderno nos impõe, e, sobretudo, não pode degenerar numa evolução que, partindo de uma ideia humanista, acabe por redundar em fundamentalismo, mesmo que com base na intenção de preservar cada identidade cultural. Em todo o caso, e em virtude desta mudança, as reflexões que vêm sendo produzidas, parecem consolidar o princípio de que a salvaguarda da herança dos valores patrimoniais a uma escala planetária assenta no reconhecimento do relativismo cultural.
 No entanto, a aplicabilidade deste conjunto de critérios técnicos e organizativos, preliminarmente incertos e moderadamente imprecisos, são susceptíveis de uma análise objectiva da legitimidade de alguns dos seus componentes, confrontando-os com outros fundamentos que poderão estar implícitos na sua identidade. Por isso, é necessário atentar que os testemunhos actuais da história das cidades, a que a Baixa Pombalina não fica imune, são marcados por sucessivas interpretações e reinterpretações, havendo muito poucos exemplos que se possam identificar pela excelência de um único criador.
O Tempo é de facto o grande escultor da História.
Quando se trata de intervir para além da estrita conservação, será peremptório reflectir na jurisdição que um edifício ou conjunto arquitectónico promove ao longo dos séculos, e insistir para que a sua imagem e índole não estagnem em relação ao futuro, caindo possivelmente na negação do valor do continuado processo de sedimentação.
Deste modo, a reabilitação do Património tem de ser encarada em primeiro lugar, como um exercício, devendo a intervenção concentrar-se nos elementos do presente, ainda que por vezes seja difícil desassociar a recusa da sua morte. Não perdendo a postura ajustada do nosso dever de salvaguardar a memória comum, tendo como objectivo a busca simultânea do valor do património e dos instrumentos de intervenção, a Autenticidade no modo de actuar é o caminho a percorrer. No entanto, torna difícil a criação de teorias e métodos de intervenção globalizadores, visto não ser perceptível a existência de paradigmas universalmente dominantes dada a diversidade cultural. “Todos os julgamentos sobre atribuição de valores conferidos às características culturais de um bem (…) podem diferir de cultura para cultura, e mesmo dentro da mesma cultura, não sendo portanto, possível basear os julgamentos de valor e autenticidade em critérios fixos…” (Art.º 11º da Carta de Nara), sem nunca esquecer que cada época tem a sua arte e que cada arte tem a sua liberdade.
Da interacção entre responsabilidade e liberdade, resultará a ajustada actuação, tendo em vista que para a preservação do Património interessa acima  de tudo – agir!
A protecção do património deve ser certamente conservativa e não conservadora. Os  documentos teóricos produzidos e adoptados internacionalmente revelam o  enquadramento capaz para se operar, consciente e responsavelmente, em liberdade, assegurando as condições para minimizar eventuais erros.
É este o caminho que nos conduzirá, em cada momento, ao cerne próprio da autenticidade da memória, reconhecendo a liberdade criadora que se constata em todos os momentos que constituem Património, assim determinados em função da razão histórica que nos identifica colectivamente, porque “o património cultural de cada um é o património cultural de todos”.
publicado por O provedor às 15:19
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Receber bem os turistas

Carlos Sousa

Lisboa



Num solarengo dia de Domingo de Agosto de 2005, acabado de chegar de férias, resolvi ocupar a minha manhã com uma das actividades que mais me dá prazer, passear na Baixa. Desci a rua (moro perto) e lá estava, apreciando as lojas fechadas e os muitos turistas que como eu gostam de deambular por um dos mais belos locais do mundo. Como qualquer lisboeta que se preze, a meio da manhã apeteceu-me tomar um café. Talvez uma esplanada para aproveitar o Sol, ou talvez um dos muitos cafés com uma arquitectura interior que nos transporta para outros tempos. Mas infelizmente, estava na Baixa Lisboeta e não em Paris ou Madrid ou Geneve, e a minha única solução foi subir ao último piso de um centro comercial, único local onde a um Domingo de manhã se pode beber um café.

 

Ao ler alguns dos comentários deste blog, receio não possuir as capacidades de intervenção a tão nobre causa, mas o facto de ser e viver no centro de Lisboa, e adorar a “Baixa” leva a que me intrometa entre arquitectos, planeadores urbanos, juristas e políticos, e apresente as minhas opiniões.

 

Estamos em Novembro de 2006. Claramente uma das principais apostas do pais e da região de Lisboa em termos económicos é o turismo. A cidade, que anteriormente só recebia visitas de turistas em certas alturas do ano, é agora permanentemente visitada durante os 12 meses. Por Alfama e Castelo, centenas ou talvez milhares de turistas deambulam, apreciando mais uma vez as nossas características únicas. E é nestes locais que eles são confrontados com as ruas imundas, cheias de lixo, resultado da nova politica de recolha selectiva que a CML implantou este ano. Quando se pretende chamar turistas, e principalmente turistas que façam entrar divisas no pais, não se pode recebê-los com as ruas imundas. Não se pode recebê-los com os passeios cheios de veículos, com as ruas mal alcatroadas, com as ruas sem iluminação e segurança decente, entre outros. E perdoem-me os mais diversos peritos na matéria, mas sem lideres com o mínimo de conceito do que é viver e usufruir com qualidade, não será possível implantar qualquer projecto em qualquer local desta cidade.

publicado por O provedor às 15:15
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Entre colunas, refundamos a Baixa

Vasco Massapina

Arquitecto

 

Convém que se saiba que, já a 1 de Agosto de 1991, Jorge Sampaio, eleito então presidente da câmara, determinou um prazo de 60 dias para que se desenvolvesse “um programa de intervenção no âmbito de uma operação integrada...” no Terreiro do Paço e que “se iniciassem contactos com a administração central, com vista à desafectação dos pisos térreos dos edifícios dos ministérios”. Estávamos no rescaldo da calamidade do incêndio do Chiado de Agosto de 1988.
Convém que se saiba que as pioneiras operações de reabilitação urbana em Lisboa são do tempo do engenheiro Francisco Abecasis e tiveram origem num despacho de Fernando Gomes, que criou os “gabinetes técnicos locais” de Alfama e Mouraria.
A reabilitação da Baixa-Chiado, onde se inclui a transformação do Terreiro do Paço em espaço de lazer e pólo económico-cultural, é uma ideia óbvia, inatacável: hotéis, restaurantes e esplanadas serão actividades que, em conjunto com um sistema de transportes e acessibilidades apropriado, ajudarão ao restabelecimento da ligação entre a praça e o rio.
Mas o problema do Terreiro do Paço – hoje em dia – já não é tanto o que fazer dele, mas sim do tempo que passa, pois o período de vida e a estabilidade do Terreiro vão-se esgotando, até que um dia uma outra calamidade determinará... a resolução rápida do assunto...
Ao ler-se a Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado, apresentada pelo Comissariado criado para o efeito, sobressai em primeiro lugar a constatação dos 274 259 metros quadrados de área de construção devoluta ou vazia, luxo a que Lisboa não pode dar-se.
Luxo, aliás, que “viciou” outras áreas históricas, de outras cidades esvaziadas economicamente. Por isso se saúda a “obsessão” de adoptar uma “matriz de política pública”, em que se considera o “património como valor de investimento” e a compatibilidade possível entre a “salvaguarda” e o “criar de novo”.
É que a Baixa não terminou ainda a sua construção, a área edificada pode ainda não estar esgotada, e consequentemente as operações de reabilitação arquitectónica poderão fomentar o revigoramento simultâneo e contínuo de todos os elementos que compõem o tecido urbano.

Caldear culturas


Lisboa, cidade que em todos os tempos soube caldear culturas, fundou-se e construiu-se por existir o Tejo; o seu estuário, o maior da Europa, foi desde sempre o elemento central no desenvolvimento urbano da cidade, seu factor de identidade e de centralidade: se, por um lado, é um ecossistema de elevada valia ambiental, por outro pode ainda ser um dos motores para o crescimento sócio-económico. O “estilo marítimo”, e as hipóteses de consumo e fruição pública, são potencialidades que nos revelam as soluções: para haver pessoas junto ao rio é preciso haver edificação.
Entre as colunas do cais, “abarquemos” a panorâmica de 1800 entre os dois torreões. Já não podemos ter a malha urbana à beira-rio – Ribeira das Naus, Fundição das Artilharias, Sete Casas ou Alfândega – em que as fachadas estavam à beira da linha de água, num casamento total entre a cidade e o rio, com uma morfologia urbana de poucos espaços livres. Mas podemos ter o preenchimento de espaços vazios que evidenciem o Terreiro do Paço, no topo da hierarquia urbana.
A este propósito, relembro ao Comissariado a interessante proposta urbanística e arquitectónica de Gonçalo Cornélio da Silva, arquitecto da câmara municipal, que repõe essa hierarquia, entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia, rentabilizando as áreas de construção e sustentando, assim, as intervenções. Vale a pena o exercício de compatibilização desta ideia com a Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado.
A solução está encontrada. Refundamos então por aí? É que não podemos correr o risco de, mais uma vez, deixar ao futuro apenas as ruínas de outro estágio de aprendizagem. É urgente passar à acção.

publicado por O provedor às 13:22
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O equívoco na Baixa pombalina

Richard King


sociólogo urbano



Lisboa está a ser assaltada, saqueada e pilhada por sucessivos políticos que, embora legitimamente eleitos pelo voto popular, são incompetentes para o desempenho do cargo que ocupam.

Com uma dívida que ultrapassa os mil milhões de euros (mais de cinco vezes o valor do maior jackpot no euromillhões) surge agora um mega orçamento para a reabilitação da baixa pombalina, sem se conhecer a forma de financiamento e tendo por base uma suposta participação do Governo para pagar a factura.

A cada ano que passa a dívida da autarquia cresce exponencialmente sem que se encontrem culpados e sem uma política de rigor orçamental e de saneamento financeiro. Com mais de dez mil funcionários do quadro e quase três mil colaboradores em regime de prestação de serviços, alguns dos quais com vencimentos superiores a cinco mil euros mensais (a título de exemplo, só em recibos verdes, o montante da despesa da Câmara de Lisboa cifra-se em mais de vinte e quatro milhões de euros. Se juntarmos os salários de vereadores e dirigentes, horas extraordinárias, viagens, despesas de representação e outros custos agregados, facilmente se conclui que os encargos com pessoal situam-se próximo dos cinquenta por cento do orçamento camarário).

Carmona Rodrigues mostra-se pouco preocupado com o crescimento da dívida e numa recente entrevista cita mesmo os dois milhões e meio de euros gastos na decoração dos escritórios da EPUL e, sem tomar medidas correctivas, ainda permite que esta empresa encomende a uma entidade externa o estudo de reestruturação.

Só os montantes pagos ao arquitecto Frank Ghery no masterplan para o Parque Mayer eram suficientes para reabilitar muitos dos edifícios que se encontram devolutos na Baixa-Chiado.

A actual estrutura camarária é composta por uma Unidade de Projecto (UP) da Baixa-Chiado que tem um director, três chefes de divisão, dezenas de funcionários, viaturas de serviço e diverso equipamento logístico, para lá de ocupar um edifício na Rua Nova do Almada. O executivo liderado por Pedro Santana Lopes, criou três Sociedades de Reabilitação Urbana (SRUs), entre as quais a SRU da Baixa com um conselho de administração e funcionários oriundos de gabinetes do anterior executivo. Maria José Nogueira Pinto acrescentou o Comissariado da Baixa e agora prepara-se para constituir uma nova agência para montar o mega projecto de reabilitação urbana.

É no mínimo estranho que se criem estruturas e serviços de apoio sem extinguir os anteriores gerando situações caricatas como os editais que se encontram na Rua do Crucifixo, ora da SRU ora da UP, a intimar os proprietários para realizarem obras nos edifícios.

Os anos vão passando e o número de fogos devolutos, por reabilitar e por vender, não pára de aumentar. A EPUL têm-se revelado um poço sem fundo para onde se atira dinheiro da Autarquia e adopta uma política pouco atractiva para o mercado jovem (veja-se o exemplo do empreendimento que se encontra em construção na Avenida das Forças Armadas com preços pouco convidativos para a fixação de jovens no centro da cidade).

Mas a maior interrogação consiste em saber se existe uma política integrada e prioritária para reabilitar a Baixa e o Chiado, ou se tudo isto não passa de mais uma manobra de diversão para esconder a ausência de obra feita por parte do actual executivo. A Reabilitação Urbana regista um dos valores mais baixos de sempre em termos de execução orçamental, não ultrapassando os vinte por cento do total orçamentado para o corrente ano, constituindo um indicativo importante da capacidade do actual executivo.

Terá Carmona Rodrigues e a sua equipa capacidade para tornar Lisboa uma cidade moderna e competitiva que permita a melhoria da qualidade de vida de quem nela trabalha e vive?

Temo que não!

publicado por O provedor às 12:57
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Quinta-feira, 16 de Novembro de 2006

Reconstrução da Baixa pombalina

Goncalo Cornelio da Silva

arquitecto

Os meus sinceros parabéns pela Vossa iniciativa, o DN provocou acto de cidadania absolutamente extraordinario. 
Sou arquitecto dos quadros da CML, ex director da Unidade de Projecto de Chelas, realizei a minha Tese de mestrado nos EUA que versa sobre a recuperação da baixa Pombalina, na University of Notre Dame da qual fui bolseiro e professor de 2001 a 2003, e ainda bolseiro da FCG e FLAD.

Building on the Edge of Tagus River: The New Riverfront of Lisbon©, desenho #3/25 da Tese do Master of Architectural Design and Urbanism realizado em 2003 na University of Notre Dame, Indiana, EUA

 

A inevitabilidade do passado ou o que nos preocupa nas propostas de

Reconstrução da Baixa Pombalina?

 

A História Universal nasceu nas cidades. A cidade faz efectivamente parte da “essência da história” porque é ao mesmo tempo a concentração do poder social, protagonista essencial da história, da consciência do passado e veículo transmissor das tradições e do legado para o futuro.

Ao longo do Século XX, a sociedade procurou controlar tudo à sua volta desenvolvendo uma técnica especial para explorar e desenvolver de uma forma “capitalista” o território. A essa técnica chamaram “urbanismo”, que no fundo é nitidamente a posseção do ambiente natural e humano. Um domínio absoluto absorvendo a totalidade do espaço, e posteriormente transformado convenientemente numa ciência, onde o arquitecto deixou de ter o seu lugar, muitas vezes por culpa dele próprio. Por este motivo o urbanismo é uma arte, e não uma ciência como alguns pretendem.

Na realidade, e ao longo do século passado temos assistido à destruição das cidades e às várias tentativas  de reconstrução de uma “paisagem pseudo-rural”, onde na realidade todas as relações naturais do campo/rural, as relações sociais directas ou indirectas são inexistentes, resumindo-se a umas tentativas demagógicas envergando uma camisola ecológica que pretendem recriar de uma forma fictícia a “paisagem rural”, provocando o colapso da própria cidade historica e portanto atentando contra a identidade das suas gentes, ridicularizando inclusivé a própria paisagem rural. Na realidade as várias experiências, correntes e teorias ao longo desse século, transformaram-se numa excitação e exaltação egocêntrica e numa busca incessante e pueril da originalidade.

Um despotismo em nome do progresso, centralizador, estatizante, burocrático falseado e subsidiado por “um espéctaculo sofisticado e organizado, suportado por enganos e ignorância” como nos diz Guy Debord, em La Société du Spectacle. Estes novos aglomerados ou cidades pseudo rurais falsamente tecnologicos inscrevem-se claramente em ruptura com o Homem, com a historia e com o seu legado, (Vide, o trágico acidente, nos Olivais resultante da pratica urbana fundada na Teoria de Cidade Jardim, com traçados de ruas que permitem grandes velocidades aos automóveis). Na verdade, o momento histórico da revolução industrial e o surgimento das ideologias sociais têm grande influência no desenvolvimento do urbanismo modernista. “A necessidade de manter a ordem na rua, culmina na supressão da própria rua” e com os “meios de comunicação das massas sobre as grandes distâncias, o isolamento da população, tornou-se um meio de contrôle bem mais eficaz”, tal como nos conta Lewis Mumford em La Cité atravers l’Histoire.

 

A Baixa Pombalina contradiz vários historiadores que afirmam que é sómente no século XX que surge a Arquitectura, porque esta no passado estava reservada a satisfazer somente as classes dominantes. Efectivamente e ao longo do século passado o modernismo vem desenvolvendo uma nova arquitectura para “os pobres”, caracterizada por uma miséria formal, em extensões gigantescas, implantadas de forma aleatória, para uma nova experiência habitacional, uma prática profundamente rendida ao capitalismo e numa visão economicista da construção, numa evidente alienação social, na destruição das relações sociais e de cidadania, (vide aglomerados urbanos de habitação social marginais às cidades). Ora, o projecto de reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755 é revelador de uma grande Equidade Social,  e julgo eu pela primeira vez na história das cidades, todas as classes sociais estavam representadas e viviam no mesmo edifício, (esta é a verdadeira novidade e não por motivos constructivos). É a Equidade Social projectada há 250 anos, o verdadeiro factor de Classificação da Baixa Pombalina como Património da Humanidade, e que me faz ter orgulho em ser Português.

 

O que está em jogo não é um conjunto de intenções para um projecto de Reabilitação da Baixa Chiado, o que me preocupa são as filosofias, vaidades e compromissos.

Por um lado, uma filosofia de alienação da nossa cultura e identidade, por outro lado os compromissos assumidos anteriormente, e dos quais não ouço ninguém a manisfestar-se. As várias propostas e projectos previstos são de uma visão egocêntrica, provinciana e economicista, e disso tenham perfeita consciência, poderam vir a destruir para sempre a frente histórica da Cidade de Lisboa. Com estes projectos, dos 2,4 km de passeio ribeirinho entre Santa Apolónia e Cais do Sodré sómente 800 metros serão acessiveis e passíveis de passeio ribeirinho. O Conjunto Urbano da Baixa Pombalina não vai sobreviver á construção da Agência Europeia de Navegação e Observatório Europeu de Toxicodependência no Cais do Sodré (obviamente importantes para Portugal), muito me surpreende a falta de pudor dos seus autores, e que não seja mais forte o peso de uma imagem colectiva de 250 anos. Assim como difícilmente o Terreiro do Paço voltará a ter o seu valor quando da construção do mega terminal da estação Sul-Sueste que será maior que o próprio vão do Terreiro do Paço. Como também a imagem inconfundível do cair da colina de Alfama sobre o Rio Tejo terminará no dia em que for realizada a praia de betão para atracar 6 paquetes com mais de 30 metros de altura e que nem 24horas ficam em Lisboa.

Quero acreditar que dificilmente a Baixa Pombalina será classificada de Património da Humanidade caso estes projectos venham a ser construídos.

 

A frente histórica tem necessáriamente que ser concluída, tal como em Barcelona, quando no século XX se estendeu a malha urbana de Cerdá, é necessário restabelecer a aresta Rio-Cidade, e não polvilhar e empastelar de edíficios de forma aleatória ou unicamente subjugado aos desenhos e traçados de fluxos de trafego.

Lisboa tem um potencial único, é actualmente a única capital da União Europeia com capacidade de aumentar o seu Centro Histórico sem ser descaracterizado.

É do conhecimento de todos, que os vários programas financeiros revelaram-se inadequados, e não vale a pena justificarmos todos sabemos os motivos, é pois necessário recuperar sem esperar por decisões dos particulares, como já se fez, é necessário densificar criar mais habitação com o mesmo modelo, diversificar as dimensões dos lotes de modo a não excluir as bolsas mais desfavorecidas.

Quanto ao trânsito de veículos, relembro aos mais destraídos que o Rio Tejo sempre foi uma via comunicação, e confesso que deverá ser difícil para alguns aceitar que o meio de transporte actualmente é efectivamente o automóvel, que substituem hoje as antigas faluas do Tejo, e por este motivo necessáriamente deverão atravessar o Terreiro do Paço, tal como os barcos o fizeram outrora. Aliás há que distinguir dois passeios, um o passeio eminentemente histórico ao longo da Rua dos Bacalhoeiros e Arsenal e o outro ao longo da margem a pé ou nas “faluas” de hoje. Não podemos consecutivamente comprometer o futuro como já sucedeu no passado, todos sabemos que no Projecto de Reconstrução do Chiado, devido à teimosia de alguns não foi realizado e aproveitado os desníveis para criar mais estacionamento quando da fatalidade do incêndio.

 

Será necessário criar condições de atracção para o comercio e mais valias económicas para aqueles comerciantes resistentes os verdadeiros heróis da Baixa Pombalina, pois são eles que mantêm ainda o bater do fraco coração da Baixa-Chiado que tem vindo a sofrer de erros urbanisticos realizados em nome do “progresso”.

A revitalização do Centro Histórico da Baixa de Lisboa deve repor a veracidade, a autenticidade e a intencionalidade do Terreiro do Paço, não deixando que outros espaços urbanos possam competir com a sua grandeza, actualmente o espaço urbano criado pelos edifícios do Arsenal da Marinha e o Campo das Cebolas estão em directo desafio, por este motivo é urgente construir estes espaços e reconstruir os torreões realizando a sua cobertura tal como estaria prevista.

Este é O desafio do século XXI de um Portugal Humanista, o Projecto de Reconstrução da Cidade de Lisboa não está terminado. A Cidade de Lisboa é o Nosso maior armazém de memória cultural. Esta será sem dúvida a maior oportunidade para projectarmos a Nossa Imagem ao mundo e posteridade. As grandes cidades do passado nas quais ainda vivemos, falam pelos seus sonhos e aspiraçoes das suas sociedades, e devem entender a Memória não como uma nostalgia de glórias vãs mas como uma inspiração para as realizações dinâmicas e contemporâneas.  Quanto mais proxima a criação urbana chegar ao Nosso passado colectivo mais frutuosa será a inspiração no futuro, pois o valor da memória é a sua capacidade inspiradora.

Pelo meu lado acredito na sensibilidade e cultura da Vereadora Maria José Nogueira Pinto e na preocupação social do Professor Carmona Rodrigues.

publicado por O provedor às 17:55
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Retrato de Lisboa

Artur Costa

Leitor do DN 

Nasci em Lisboa há 50 anos e lá vivi até aos 40 anos nas avenidas novas.

Hoje quando a vou visitar o que sinto é que ninguém quer saber duma cidade que podia ser uma das mais belas capitais da Europa. Já era mal tratada na altura em que lá vivi, mas pelo menos havia menos carros e a população era mais homogénea o que tornava a vida na rua possível. Hoje, as pessoas são arrastadas para centros comerciais e o comércio de rua vai morrendo lentamente, os carros ocupam os passeios, as passadeiras de peões, a entrada das casas está tapada e o automóvel está de tal maneira presente que não se vê a cidade. Além disso talvez o que mais descaracterizou a cidade foi a saída forçada de muitos dos seus habitantes mais jovens para a periferia, por causa dos preços das casas, o que torna Lisboa numa cidade habitada por velhos, imigrantes, pobres e ricos nos seus condomínios fechados, sem que o preço elevado dos imóveis tenha trazido melhores condições ou melhor aspecto para a cidade. Esta é uma cidade que se está a tornar terceiro mundista, onde as pessoas se servem dela sem qualquer relação de identificação com a cidade. È claro para mim que estas coisas só se mudam se as pessoas quiserem e que não é possível mudar o trânsito se toda a gente insistir em levar o carro para a porta do emprego ou para a porta de casa. Mas é possível que a polícia actue e multe e reboque quem está mal estacionado, coisa que eles fazem muito pouco, se calhar porque fazem a mesma coisa com os seus carros; também devia ser possível tornar muito mais cara a entrada e permanência dos carros em Lisboa, assim como criar uma rede de transportes realmente eficaz, com prioridade para as zonas mal servidas de metro por exemplo, dentro e fora da cidade. Sobretudo, é preciso mudar a população de Lisboa e chamar os Lisboetas de volta. Tudo isto é possível se essa for realmente a nossa prioridade, e as várias gestões de câmara que nos últimos 30 anos têm governado a cidade não tiveram a coragem para resolver nenhum destes problemas. É preciso que tenhamos o mesmo orgulho na nossa cidade que os Portuenses ou os de Barcelona têm nas suas.

Com esta administração, estava mais uma vez à espera da continuação duma gestão sem marca, com túneis que não adiantam nada para resolver estes problemas e com notícias de má gestão em empresas camarárias e finalmente aparece qualquer que pode potenciar mudança positiva na cidade - o plano baixa chiado. Não tenho conhecimentos técnicos para dizer se é o mais indicado para aquela zona, mas o facto de se querer fazer uma intervenção tão grande, numa zona chave da cidade que pretende tornar a dar-lhe o papel de coração da cidade em vez de ser uma zona de passagem desabitada, é o caminho certo para a mudança, mesmo que envolva riscos que certamente vai haver.

publicado por O provedor às 17:42
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As lutas de poder e Santana Lopes

Cândido Marques

Aluno de Ciência Política do ISCSP (UTL)

1. É com alguma apreensão que observo as lutas de poder interferirem num processo de reabilitação que se quer célere, sob pena de se perder competividade inter-cidades europeias, resultante de afirmações de poder que nada contribui para esta cidade, que é a mais linda e nobre da Europa. Por norma, são questões políticas a própria malha burocrática que atrasa uma ideia que de per si, já é complexa e de difícil execução, conquanto, esta zona da Baixa não ter especiais complicações construtivas.

2. Sempre disse que o Dr. Pedro Santana Lopes, tinha as ideias-chaves para o futuro de Lisboa, mas como sempre, factores exógenos e talvez endógenos, contribuíram para que ele se afastasse da câmara. Enquanto o Dr. PSL pensava, idealizava e tentava criar, outros arranjavam planos para o afastar ou demover.

3. Vejo que são figuras ilustres, algumas das pessoas que comentam o blog, mas, falam quase e tão só do projecto em si, das ideias, do passado, do presente, etc... Meus senhores, todos nós estamos de acordo quanto à necessidade de reabilitação eficiente desta zona, ninguém é contra tal projecto, embora acha o prazo de execução muito longo. Aquilo que se debate, e que a notícia continha, era a questão política em si. O Presidente retirou os pelouros á vereadora MJNP num acto de puro revanchismo! O que é a Democracia? Não é ganhar ou perder por um? O Presidente propõe um nome, mas, depois faz o cozinhado e apela à lealdade e ao pacto. Não vale mais dizer " eu é que mando, eu é que nomeio". Pelo menos estaria a ser leal ao seu amigo, o tal que foi proposto para assumir funções nessa empresa pública. Irritou-se? Problema dele, nem tudo na vida são vitórias.

4. Muito que se faz e se projecta deste executivo camarário, nasceu em tempos de Santana, simplesmente está-se a dar continuidade às coisas e certamente que se mudam os rótulos.

5. Por outro lado, viu-se aqui que a Dr. Maria J. N. Pinto não percebe nada de política. Então, a saber quais os poderes do Presidente, faz birra para se afirmar, sem que prevesse a sua irritação? Quando não mandamos, minha senhora, obedecemos. Infelizmente é assim a vida, e nessa perspectiva não teve habilidade política, tendo em consideração que foi entrevistada para o Jornal de Negócios com grande exaltação e satisfação sobre os seus projectos no seu pelouro e ainda uma outra entrevista recente num prograna da Sic Noticias, aquando da apresentação do plano.

6. Estamos na altura certa para revitalizar aquela zona, temos tudo, a história, a arte, as grandes fachadas arquitectónicas e lindíssimas, as estradas em calçada, as ruelas antigas, e muito mais de há muito que se pode conciliar com o modernismo e fazer do centro da cidade um ludar de bem-estar, tranquilo e de qualidade superior, um lugar que marque uma presença superior á nossa própria presença. É necessário também que menos carros circulam no centro de Lisboa. Fora com eles, pois os transportes públicos não são assim tão maus, precisam é que haja uma entidade superior que coordene o sector operacional, que controle a actividade de todas as empresas que operam e que faça exigências (com poderes para tal) no sentido de existir mais transportes e mais coordenação entre todos.

publicado por O provedor às 17:37
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Quarta-feira, 15 de Novembro de 2006

A Baixa pombalina... de novo!

Rui Godinho

Ex-vice-presidente da Câmara Muncipal de Lisboa (1989/2000)

 

As cidades, como as pessoas, necessitam ter um desígnio, um rumo, assumidos pelos seus dirigentes e por aqueles que aí vivem e trabalham.
Nos anos recentes é notório que Lisboa está disso muito carente, ao contrário do que aconteceu na década de 90, onde o objectivo de fazer de Lisboa a Capital Atlântica da Europa, como orientação guia do Plano Estratégico de Desenvolvimento de 1992, mobilizou tanto os dirigentes municipais de então como a Cidade no seu todo.
Nas ideias fortes do Plano Estratégico de 1992, o coração da Cidade tem especial relevo, partindo daí a estruturação da requalificação do espaço público, com as reabilitações da Praça da Figueira (ainda não concluída), do Terreiro do Paço (só parcialmente executado devido às infindáveis obras do metro) e do Rossio com a devolução à Praça da calçada “Mar Largo”.
A actual proposta de Revitalização da Baixa-Chiado só faz sentido se dinamizar o reencontrar de um rumo para Lisboa, a partir dos notáveis conjuntos urbanos e arquitectónicos que constituem a Baixa pombalina e a sua envolvente, invertendo a situação de declínio que apresentam.
Assim, uma política de revitalização da Baixa pombalina nunca poderá ser feita contra a sua identidade histórica e cultural, pelo que só atingirá os seus objectivos se a preservação e valorização da sua matriz pombalina for elevada ao nível de excelência, terminando com a proliferação de discutíveis transformações arquitectónicas e alterações de uso que não param de expulsar população e promover a desertificação e a insegurança.
Neste contexto, o Museu da Língua Portuguesa deveria (deverá) ser instalado na Estação do Rossio, excelente local e magnífico edifício neomanuelino, recentemente recuperado, e que merece acolher uma função cultural de grande impacto para a Baixa-Chiado e para a Cidade como um todo.
E como devolver população à Baixa e à Cidade, quando Sintra “ameaça” ultrapassar Lisboa antes de 2020?
A proposta, entretanto, nada explicita quanto a medidas imediatas que, enquadradas em plano, “segurem” já hoje a Baixa.
O revivalismo do mercado na Praça da Figueira é completamente deslocado. Esta deve continuar aberta e ser executado na totalidade o projecto de Daciano Costa.
O estacionamento subterrâneo no Terreiro do Paço, tal como decidido nos anos 90, não deve ser construído, pois os movimentos subterrâneos das águas naquele local não devem ser mais perturbados, dada a sua importância para a estabilidade da Baixa e do Terreiro do Paço, sendo também incompreensível que a execução do Sistema de Esgotos Chafariz de Dentro/Terreiro do Paço/Cais do Sodré, esteja parada desde o ano 2000.
Renovo a minha ideia de no interior do anel da área de intervenção, os transportes de superfície assentarem em minibus, e para acesso ao Castelo, sugiro que se revisitem os trabalhos de Raul Ceregeiro e José Tudela com traçados de elevadores “agarrados” aos terrenos da encosta.
Obviamente que o comércio da Baixa não pode fechar às 7. Tem de ser, e muito, alargado, incluindo fins-de-semana
Finalmente, falta uma proposta de planeamento e programação que permita graduar e fasear as intervenções e investimentos a realizar no horizonte 2020.

publicado por O provedor às 20:30
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Lisboa competitiva

António de Azevedo Coutinho

Gestor imobiliário

Intervenho, preocupado com o estado actual da cidade, entre outras coisas, e vou acompanhado estas noticias, lendo os artigos referenciados supra. Também guardei a noticia, publicada no vosso jornal de 3 de Outubro pp., com apresentação pública da proposta da vereação, para a reabilitação da Baixa-Chiado, com grande satisfação minha, por várias razões:

1.º Gosto e sinto-me bem em Lisboa, 2.º aqui trabalho e vivo; 3.º sou residente na zona histórica da Cidade. O que dá o conhecimento da miséria a que chegamos!!! 4.º Gostaria de ver esta cidade reabilitada para que os meus “nossos” filhos tivessem uma cidade melhor.

Vou colar aqui uma nota de rodapé de um texto que recebi da minha irmã Professora e Arquitecta que escreveu, artigo cujo lançamento da publicação ocorreu esta semana, e retrata a importância do tema.

Muito ao contrário do que se passa em Lisboa, quer à volta do Aqueduto - totalmente desprotegido no Vale de Alcântara - quer ainda no “cenário” da Baixa Pombalina. Mas este caso é bem diferente: Se em Vila do Conde, há um pouco a sensação de se ter parado no tempo - o que pode ser sempre uma experiência muito enriquecedora, principalmente como exercício de imaginação (também para adultos, mas fundamental para educar os mais novos) - na Baixa de Lisboa, um dos centros mais activos da capital, aí permanecem em sobreposição, numa área que é riquíssima do ponto de vista histórico, importantes actividades económicas, que lhe conferem ainda “muita vida”! Este tipo de fenómenos, um convívio entre o passado e o presente, cada vez mais característico das sociedades culturalmente desenvolvidas, obriga a cuidados específicos na protecção das construções. De modo a que estas possam permanecer, como cenários valiosos que também são, da vida quotidiana".

[em Actas do IV Encontro de História de Vila do Conde]

O debate, só e por si já é positivo, serve para alertar as instancias públicas, “os políticos” e preparar-mos a opinião pública para a necessidade de recuperar a nossa cidade. Aliás, já à muito que me recordo deste tema, pela negativa, que em corrente cavaqueira com os amigos e empresários do sector imobiliário, desvalorizamos constantemente o nosso país, comparativamente com outros que conhecemos. Infelizmente temos este mau hábito, de dizer mal da nossa terra, “Mas não á fumo sem fogo”, já diz o povo e realmente o estado critico do país, está à vista de todos e a todos os níveis, que nem mesmo a cidade e os seus edifícios, ficam excluídos. Ressentem-se da ausência de regas e valores, e ao estado a que chegamos, fruto de más politicas recentes.

Mas se limitarmos o assunto ao debate, sabe-me a pouco, temos de intervir e por isso deixo o meu contributo.

Revitalização da Baixa-Chiado

Deve estar integrado e ser parte do plano estratégico para o futuro da cidade de Lisboa. Esta matéria é de uma sensibilidade extrema, que não pode ser estudada e analisada individualmente, mas num contexto generalista de análise da cidade. 

Estamos pois conscientes, pelo menos eu estou, de que mais tarde ou mais cedo teremos de intervir e, quanto mais tarde pior, por várias razões:

1.º o estado de degradação deste conjunto urbano atingirá um nível de inrevressabilidade, que corremos o risco de perder parte do nosso património;

2.º atingiremos um valor económico, social e cultural tão elevado, para o custo das intervenções necessárias mais difíceis incomportáveis;

3.º adiaremos a oportunidade de educar e incentivar o publico a preservar a memória e a valorizar a nossa história;

4.º perderemos competitividade, entre cidades. Hoje mais que nunca, são as cidades que ocupam o papel relevante na internacionalização da geração e economia global. Perdeu-se o hábito de referenciar o país de destino, quando viajamos, substituindo-o pela cidade, que assume total importância e protagonismo. 

E é sobre competitividade e mercado internacional que gostaria de ver este tema também comentado. No decorrer da semana assistimos aos comentários e opiniões de vários quadrantes, nas vertentes técnicas, mas ainda li e não houve se quer, uma abordagem em termos de mercado e competitividade. 

Como será Lisboa dentro de 15 a 20 anos e a 50? Com o ritmo de envelhecimento da população será um caos certamente.

Se hoje não existe autoridade e capacidade de tirar os carros de cima dos passeios, como será no futuro?

Com o nível de preços da habitação e terciário, conseguiremos repovoar, criar postos de trabalho e tornar a cidade interessante de novo? 

Temos assistido à preocupação de elevar de novo Portugal na cena internacional com um papel de relevo. Lisboa terá um papel extremamente importante a defender neste enquadramento, que passa pela reabilitação da sua cidade, assente e incorporado nesta estratégia básica para o desenvolvimento do país, no âmbito Europeu e Universal. Temos que pensar Portugal para daqui a 50 anos e temos que intervir na reabilitação da cidade de forma sustentável e competitiva.  

 

Lisboa não está reduzida à Baixa-Chiado 

Pensem em mercado, façam análises e planeamento estratégico, SWOT  Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), PEST- Politica Económico, social e tecnológico.

A necessidade do Marketing das Cidades 

Não limitemos no tempo os programas e projectos com objectivos eleitoralistas e políticos, vamos estudar o assunto de forma séria. Pensem no futuro, na inovação e na competitividade. Pensem nos nossos filhos.

Não queiram de novo inventar a roda, copiemos modelos de parcerias com as universidades, para estudar projectos de grande envergadura, com as respectivas valências, que necessitam de grande suporte científico e técnico. 

Entretanto limpem a cidade que a vida não pára.

publicado por O provedor às 20:18
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Quatro propostas prévias

Maria de Fatima Nunes A. Dias

Engenheira, leitora do DN 

A iniciativa do DN ao abrir este debate público é de louvar e é por isso que estou a dar-vos o meu contributo, pelo que passo a fazer algumas considerações:
 

1. Este debate deveria ser iniciado antes da contrução do Metro na Baixa Pombalina, porque os estudos do subsolo, essenciais à intervenção abaixo da superfície exigiam toda a prudência na medida em que existindo bacias hidrográficas elas precisavam de ter escoamento para o Rio.A ligação da bacia hidrográfica ao rio foi cortada, pelo traçado da linha do Metro.Este problema não foi considerado pelo Laboratório Nacional de Enguenharia Cívil. Talvez não haja competências sobre o tratamento das linhas de água subterrâneas... mas no país há conhecimento cientifico que não se confina àquele laboratório. 

2. Os Engenheiros Agrónomos em colaboração com Geólogos deviam ter integrado as equipas que apresentaram os estudos preliminares porque têm profundos conhecimentos sobre solos e condução de águas subterrâneas. Estas águas necessitam ter um escoamento e circular naturalmente no leito da bacias hidrográficas.É fácil observarmos no mapa que foi publicado que a linha de água marcada a verde à esquerda distribui as águas por uma área difusa que abrange a zona da baixa, cais do sodré, Santos, Av.da Liberdade, etc. 

3. Pelas razões apontadas não deveriam ser feitas obras de superfície sem que se resolvessem estes problemas  das bacias hidrográficas subterrâneas que sendo interrompidas podem provocar inundações e a afectar a estabilidade das contruções.

Mais importante do que os corredores ecológicos tão do agrado do Arquitecto Ribeiro Teles é fazer as infraestruturas que termitam evitar a concentração das águas em locais que afectam as construções, a circulação das pessoas e provocarão em caso de elevadas precipitação inevitáveis cheias. 

4. Quaisquer decisões sobre o que venha a fazer-se deve ser objecto de debates na televisão e explicar-se de forma muito clara  a população de Lisboa sobre a necessidade de determinadas obras.Todos estamos saturados de ver gastar milhões de forma irracional e o povo está a viver mal.

publicado por O provedor às 18:05
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Baixa é já uma opção válida de habitação

Frederico Baião do Nascimento

Diplomata 

 

Encontrando-me em processo de mudança de casa, tenho procurado apartamentos na zona da Baixa onde já vai havendo alguma oferta, decorrente da recuperação de prédios progresivamente desocupados por arrendatários com rendas "antigas". 

O que tenho encontrado são espaços extraordinários, com pé direito muito alto, azulejos do século XVIII, grandes janelas e com um custo por m2 muito interesante. A àrea é de extrema centralidade, não só no que toca ao recurso aos transportes públicos - que, ao contrário do que quer fazer crer um certo discurso miserabilístico que nos caracteriza, nunca foram tão bons nesta cidade (basta pensar que há 20 anos a rede de metro se limitava a um ridículo Y e nos modernos e funcionais eléctricos rápidos que servem a zona ribeirinha) - mas também ao permitir deslocações a pé a zonas que vão de Santos a Alfama, passando pela Avenida da Liberdade e área circundante, Bairro Alto, Sé e Alfama. A zona ainda tem muito comércio, destacando-se neste aspecto a rua Augusta - que luxo fazer aqui compras e passear! - para não falar da zona complementar do Chiado. 

É claro que viver na Baixa não permitirá alguns dos confortos "modernos" como garagens nos próprios edifícios ou, em muitos casos, elevadores. Mas permite um estilo de vida muito rico em proximidade com a história - e sem o stress de longas horas por semana em "commuting" - cada vez mais assumido por populações que dão valor à dimensão cultural e à qualidade de vida (numa acepção menos "mecanizada" do termo) na sua vivência diária. 

Em suma. Penso que, de forma espontânea, à medida que a oferta de habitação requalificada na área vá aumentando, e caso sejam asseguradas algumas melhorias mínimas, a área se repovoará naturalmente por uma população com consciência cultural e com vontade de viver de uma forma mais sã, com menos recurso ao transporte individual e trocando engarrafamentos intermináveis para subúrbios por deslocações a pé, ou curtos trajectos em transportes públicos, por entre o nosso riquíssimo património monumental. É esse aliás o exemplo de muitos centros históricos europeus, como o de Madrid, onde vivo e que há pouco mais de dez anos estava decadente e era reduto de marginais, alcoólicos e toxicodependentes.  Noto que, no aspecto da segurança, a Baixa está em muito melhor situação do que o Centro de Madrid de há 15 anos.  

Sem querer desvalorizar o estudo de requalificação da Baixa, mais do que grandes projectos, como a circular das colinas - que obviamente seria uma ajuda importante para desviar trânsito, mas que provavelmente não será facilmente concretizável, sendo que, de qualquer forma, a questão do trânsito não inviabiliza uma reocupação da Baixa, tendo em conta os actuais sistemas de insonorização e o facto de que as ruas mais estreitas da zona não serem praticamente atravessadas por automóveis - seria importante apostar em pequenas iniciativas que permitiriam consolidar um fenómeno natural, de mercado, de apropriação de um espaço que, pelo termino dos antigos contratos de arrendamento, volta a ser disponibilizado aos habitantes de Lisboa. Estas medidas passariam, por exemplo por uma maior cobertura policial numa zona que, pelo seu progressivo esvaziamento, pode dar sensação de insegurança de noite/madrugada, ou pela criação de um ou dois parques de automóveis utilizando como silos prédios devolutos.

São estas as (pequenas e relativamente baratas) condições que, caso asseguradas, me decidiriam em definitivo em optar pela Baixa para viver.  É importante que não se perca a dimensão do concretizável no imediato na discussão da totalidade do plano, para que, como afirma Mega Ferreira, uma eventual, e indesejável,  derrocada do macro não arrastasse, por um efeito de desânimo e fatalismo tão nosso, a inviabilização de pequenas medidas que, por si só, muito fariam para permitir uma ocupação, progressiva, orgânica da Baixa.

Estando estas asseguradas, decerto que muitos terão vontade de ter uma rotina que inclua almoçar no Martinho da Arcada ou no restaurante Terreiro do Paço, ir para o trabalho a pé atravessando a nossa Lisboa Monumental ou bordejando o Tejo e levar os filhos a brincar à Rua Augusta, ao Terreiro do Paço ou ao jardim da Cordoaria (que será ampliado no âmbito da construção das sedes das agências europeias sediadas em Lisboa). Seria uma óbvia escolha de bom gosto e de bom senso.

publicado por O provedor às 18:01
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Projecto não pode esquecer idosos

Agostinho Rodrigues

Leitor do DN

 

Existe um projecto em Lisboa para os idosos e os excluídos. A Baixa-Chiado é onde se sente o maior abandono dos idosos e acamados, apesar da nobreza desta parte da nossa linda cidade.
A Associação Por Uma Lisboa Mais Solidária já estabeleceu protocolos com outras entidades no sentido de proporcionar apoio aos idosos. Neste sentido, manifesta toda a sua disponibilidade para o êxito do projecto coordenado pela vereadora Maria José Nogueira Pinto. Aliás, colaboraremos no que nos pedir, desde que inserido na perspectiva do apoio aos idosos e excluídos de Lisboa, esperando que os vereadores da CML estejam atentos à gravidade da situação da nossa cidade.
Para levar a cabo esta missão defendemos parcerias público-privadas, o interesse público, a gestão privada, bem como a constituição de uma fundação. É muito mais importante a dignidade da vida e da pessoa humana.
Este projecto seguiu para o gabinete da presidência da Câmara Municipal de Lisboa, que ficou de o estudar, embora um dos elementos tenha comentado, à partida, que este deve ser implementado por uma entidade e não por um grupo de pessoas. Omesmo seguiu também para o patriarcado.
É de referir que há algumas juntas que estão a tentar implementar projectos de apoio aos mais antigos. Campolide, por exemplo,  está já a implementar o projecto com os idosos e os taxistas, sendo que a Junta de Freguesia de São Nicolau também deseja aderir.

publicado por O provedor às 17:56
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Uma respiração de coragem idêntica à de 1755

António Manuel

Presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, deputado municipal

 

Um projecto de reabilitação da Baixa é, quer se queira ou não, um acto visionário, uma respiração de coragem idêntica à que existiu com o projecto de reconstrução de Lisboa após a catástrofe de 1755.
Ambos partem de circunstâncias trágicas: a Baixa destruída e a Baixa abandonada. Ambos parecem aliar ao esforço colectivo a resistência de muitos, mormente dos que ainda teimam não restituir à Baixa a dignidade perdida.
Ao fim de tantas décadas de adiamento, a Câmara Municipal de Lisboa do mandato do Professor Carmona Rodrigues lançou mãos à obra e aí está o projecto para o coração da cidade – é que falar da Baixa não é só um questão de centralidade, de visibilidade da cidade, é também uma questão de afectividade (quem aqui vive sabe que o local, tal como o anúncio que Fernando Pessoa fez para a Coca-Cola, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”).
O acaso e o improviso do passado dão lugar, agora, a um projecto global assente num diagnóstico, numa ideia de cidade, num conceito urbanístico de reabilitação, numa estratégia – em suma, numa visão; dele brotam um conjunto de ideias estruturantes em torno das quais se vai fazer a reabilitação: a recuperação do edificado, a transformação da zona ribeirinha num grande espaço de qualidade e de oferta de actividades de lazer, uma nova relação da cidade e da sua Baixa com o rio (longe vão os tempos em que os alicerces das casas partiam das águas do Tejo!), a transformação do Terreiro do Paço numa Praça do Comércio como queria Pombal, combinando em termos funcionais, a presença de um Estado moderno com actividades ligadas à hotelaria, restauração, entre outras, a afirmação das potencialidades da Baixa como espaço comercial a céu aberto, a modernização das infra-estruturas e a criação de um espaço público por excelência, a afirmação da Baixa como pólo de atracção cultural e turístico.
A estes projectos estruturantes corresponderão políticas públicas de suporte, tais como: a valorização do património, a criação de redes de cultura, a implementação de práticas culturais, a criação de núcleos museológicos, o estabelecimento de objectivos para quotas de mercado habitacional, a valorização turística, o reforço da segurança, a redução do tráfego de atravessamento, a melhoria da qualidade do ar e novas regras de gestão urbana.
Os custos do investimento serão decompostos pelos períodos de 2007-2010 (cerca de EUR 682 milhões) e 2011-2020 (cerca de EUR 463 milhões), num total de EUR 1145 milhões! Serão investidos pelo sector privado (EUR 660 milhões), pela Câmara Municipal de Lisboa através da sociedade de gestão urbana (SGU) (EUR 224 milhões) e pela administração pública (EUR 137 milhões). Verbas avultadas para a conjuntura de crise que se vive, contudo, é bom também referir que não se trata de um acto único, ciclópico (como infelizmente alguns já disseram em jeito de inacção de velhos do Restelo!...)
Não tenho dúvidas de que não serão ditas a propósito deste projecto as palavras que João Appleton pronunciou em 2003 nas jornadas “A Baixa pombalina e a sua importância para o Património Mundial” acerca da reconstrução pombalina “foi um acto penoso, contraditado e amesquinhado no início, mal compreendido a meio caminho e que nem mesmo chegou ao fim”, como se verifica com a existência de edifícios do final do século XIX, fora do desenho de Eugénio Santos.
A reabilitação da Baixa pombalina é o maior projecto da edilidade de Lisboa no século XX e início de XXI; pela sua grandeza, será obra de uma geração e dum esforço conjunto da autarquia e do Governo. É que a Baixa é de todos, o seu futuro será sempre um imperativo nacional.

publicado por O provedor às 17:41
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